Um projeto editorial define as linhas trabalhadas por uma editora.
Na Bandeirola temos uma linha com clássicos populares do final do século XIX aos anos 1950 (Clássicos Vintage), temos literatura contemporânea (Vestígios – Mortes Nem um Pouco Naturais e As Louras da Minha Vida), a série de Livros de Anotações para Viagens Reais e Imaginárias (Eu e Cervantes, Eu e Mário de Andrade, Eu e Fernando Pessoa).
Em 2020, em meio ao isolamento pandêmico, iniciamos nosso projeto mais ambicioso e de longo prazo: os livros de Ficção Científica (A Espinha Dorsal da Memória e Mundo Fantasmo) e Antologias (em breve mais notícias), as duas linhas encabeçadas por Braulio Tavares.

As especificidades
A definição de projeto editorial parte do geral e caminha para os detalhes de cada obra. Nas fotos a seguir, algumas particularidades de A ESPINHA DORSAL DA MEMÓRIA e MUNDO FANTASMO.
Livros lançados originalmente na década de 1990, essa nova edição deveria vir com aura de clássico (que de fato é), de livro premiado e reconhecido pela crítica (outro fato), roupagem contemporânea com modernidades visuais, que levasse em conta o conforto da leitura e, para além disso, que definisse um tratamento visual que inaugurasse a série de livros de Braulio Tavares na Bandeirola.
Daí a página dupla de abertura, com o título ocupando corajosamente as duas páginas, faixa preta oblíqua, cortando o espaço-tempo-fragmentado de imagens soltas (mecanismos, humanóides?).

Daí a assinatura do autor, porque não há obra tão autoral e de voz própria (apesar de repleto de referências ou será por isso mesmo?) quanto essas de Braulio Tavares, e na página ao lado, dividindo a atenção do leitor, um ícone que se lança em movimento estudado e controlado e, apesar disso, pra onde?

Daí o título do conto em tipo de letra especial, entrecortada e pouco usual, porém discreta, ocupando parcialmente o branco que lhe cabe na página (como o autor, esse cara que tem sempre tanto a dizer, mas que se mantém discreto, deixando no leitor ou no ouvinte a sensação de quero mais, diga mais).

E o detalhe da CAIXA ALTA no primeiro parágrafo do conto, meia frase escandalosa para chamar a atenção de quem lê, tom mais alto para logo depois seguir em normalidade, leitor capturado, continua a leitura sem percalços.
O tipo de letra do corpo do texto é simples, com serifa (um tipo que funciona como régua, tracinhos na base de cada letra a guiar os olhos e o entendimento do que ali está), com o espaçamento entre uma linha e outra nem pequeno nem grande, no limite do conforto do olhar.
Entre um parágrafo e outro, um espacinho pequeno, pra cabeça do leitor logo entender o que se passa, respirar e dar novo mergulho.
Isso são detalhes.
São poucos? São fundamentais.
Um projeto editorial se casa com o projeto gráfico para representar o que se narra, quem narra e atender às necessidades de quem lê.

Coordenação geral e Projeto Editorial: @SandraAbrano (Facebook e Instagram)
Projeto Gráfico e Capa: @thais.debruynferraz (Facebook)
Ilustração de capa e interna: @romero.cavalcanti.71 (Facebook)